AMAN

A Academia Militar das Agulhas Negras é uma Unidade do Exército Brasileiro e uma escola de ensino superior localizada na cidade fluminense de Resende, no Brasil.
É a única escola formadora de oficiais de carreira das Armas de Infantaria, Cavalaria, Artilharia, Engenharia e Comunicações, do Quadro de Material Bélico e do Serviço de Intendência do Exército Brasileiro.
Para ingressar na Academia, é necessário prestar concurso público para a Escola Preparatória de Cadetes do Exército. Nessa escola, com o título de Aluno, os jovens militares realizam curso de um ano. Os jovens oriundos da EsPCEx possuem entre 17 e 22 anos de idade.
História
Ao fim do século XVIII, mais precisamente em 1790, a rainha D. Maria I de Portugal instituiu em Lisboa a Academia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho e 2 anos mais tarde autorizou a implantação na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Estado do Brasil, de uma instituição nos mesmos moldes: a "Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho".
Diante da transferência da corte imperial para o Brasil em 1808, a instituição foi sucedida pela Academia Real Militar do Rio de Janeiro, criada pelo Príncipe-regente em 1810. Seu primeiro comandante foi o Tenente-General Carlos Napion, atual patrono do Quadro de Material Bélico do Exército Brasileiro.
Após a proclamação da independência do Brasil (1822), a Academia passou a ser denominada de "Imperial Academia Militar". Em 1832, o seu nome mudou
uma vez mais, para "Academia Militar da Corte". Em 1840, passou a denominar-se Escola Militar, e a partir de 1858, "Escola Central", sendo transferida para as dependências do Forte da Praia Vermelha.
Os engenheiros formados na Escola Central eram civis e militares, pelo fato de ser a única escola de Engenharia no país. Em 1874, a Escola Central transitou para a Secretaria do Império passando a formar exclusivamente engenheiros civis, enquanto que a formação dos oficiais de Engenharia e de Artilharia continuou a ser realizada na Escola Militar da Praia Vermelha até 1904, quando foi transferida para o Realengo. Os oficiais de Infantaria e de Cavalaria passaram a partir de então a ser formados na Escola de Guerra, em Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul.
Em 1913, objetivando unificar todas as escolas de Guerra e de Aplicação, foi criada a Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, que formou os oficiais do Exército Brasileiro por quase quarenta anos. Atualmente, as dependências de Realengo abrigam o Grupamento de Unidades-Escola/9ª Brigada de Infantaria Motorizada.
Diante da necessidade de aperfeiçoar a formação de oficiais para um exército que crescia e se operacionalizava, foi criada em Resende, em 1 de janeiro de 1944, a "Escola Militar de Rezende". Em 1951, a instituição passou a denominar-se Academia Militar das Agulhas Negras, tendo, como idealizador, o marechal José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque.
Ao longo de sua história, a Academia formou diversos militares importantes, como os antigos Ministros e Comandantes do Exército Carlos Tinoco Ribeiro Gomes, Zenildo Gonzaga Zoroastro de Lucena, Gleuber Vieira e Francisco Roberto de Albuquerque, o atual comandante do Exército, general-de-exército Enzo Martins Peri e o general-de-exército Alberto Mendes Cardoso, ex ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.
A Academia Militar das Agulhas Negras nos dias de hoje
A Academia Militar das Agulhas Negras ocupa uma área total de 67 km². Possui vários conjuntos construídos, destacando-se o Conjunto Principal (CP1/CP2) - que abriga dois pátios de formaturas, o Pátio Tenente Moura (PTM) e o Pátio Marechal Mascarenhas de Moraes (P3M), além do Estado-Maior, refeitórios e do Teatro Acadêmico (TA), a Seção de Educação Física, a Seção de Equitação, o Polígono de Tiro e os Parques de Instrução. O Conjunto Principal sofreu uma ampliação em 1988, dentro do projeto FT/90, de autoria do então Ministro do Exército, General Leônidas Pires Gonçalves, que dobrou
as suas dimensões, principalmente em relação a refeitórios e alojamentos de cadetes. O atual comandante, desde abril de 2013, é o General Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva.
A academia utiliza o sistema de internato, onde o aluno só sai nos finais de semana e férias.
O Portão Monumental constitui-se num cartão postal da Academia, contra a Serra da Mantiqueira, onde está localizado o Pico das Agulhas Negras, com uma altitude de 2 792 metros acima do nível do mar.
A Academia Militar das Agulhas Negras possui, em apoio às suas atividades, um Batalhão de Comando e Serviços (BCSv), organizado da seguinte forma:
·         Companhia de Comando
·         Companhia de Serviços
·         Companhia de Polícia do Exército
·         Companhia de Guardas
·         Companhia de Fuzileiros e duas
·         Companhias Auxiliares do Corpo de Cadetes.
Em efetivo é o maior Batalhão do Exército Brasileiro.
Estrutura
O Corpo de Cadetes é constituído por um comandante, um subcomandante, um Estado-Maior e pelos Cursos e Seções, compostos por oficiais e cadetes com as diversas missões e características peculiares a cada um.
Aos cursos, cabe formar os futuros oficiais nas diversas Armas, Serviço de Intendência e Quadro de Material Bélico:
·         Curso de Infantaria,
·         Curso de Cavalaria,
·         Curso de Artilharia,
·         Curso de Engenharia,
·         Curso de Intendência,
·         Curso de Comunicações, e
·         Curso de Material Bélico.
As 5 seções do Corpo de Cadetes complementam a formação militar do cadete, atuando no desenvolvimento de atributos das áreas cognitiva, psicomotora e afetiva:
·         Seção de Educação Física (SEF), responsável por planejar, conduzir e orientar o Treinamento Físico Militar,
·         Seção de Equitação, responsável pelas instruções de Equitação,
·         Seção de Instrução Especial (SIEsp), destinada à condução dos estágios de instrução especial,
·         Seção de Tiro, responsável pelas instruções de tiro de fuzil e de pistola, e
·         Seção de Doutrina e Liderança (SDL), cuja missão é aperfeiçoar a capacidade de liderança dos cadetes.
O Ensino
Na academia, são desenvolvidas as atividades pertinentes ao Ensino Profissional do militar oficial de carreira, de acordo com os seguintes períodos:

1º ano

Durante seu 1º ano na Academia, o cadete frequenta o Curso Básico (C Bas). O ensino é voltado para a tática individual e a formação do combatente básico, estimulando a dedicação, a persistência e a liderança – atributos considerados indispensáveis para a eficiência do militar, em especial do oficial do Exército.
O currículo dos cadetes do Curso Básico abrange as seguintes disciplinas:
·         Matemática
·         Idiomas
·         Psicologia
·         Informática
·         Comando, chefia e liderança (CCL)
·         Mecânica
·         Oratória
·         Liderança militar
·         Emprego tático
·         Organização, preparo e emprego da força terrestre
·         Língua portuguesa
·         Técnicas militares
·         Tiro e
·         Treinamento físico militar (TFM)
Durante a solenidade de entrega de espadins, que ocorre no primeiro ano, o cadete do Curso Básico, trajando um uniforme histórico, de cor azul-ferrete, e recebe uma réplica em miniatura da espada de Duque de Caxias, que representa "o próprio símbolo da Honra Militar".


2º ano
O segundo ano é denominado Curso Avançado (C Avcd), voltando-se para a formação do comandante de pequenas frações, da patrulha (guerrilha e contraguerrilha) e dando continuidade ao ensino das Ciências Militares.
·         As disciplinas ministradas são:
·         Economia;        
·         Direito;
·         Estatística;
·         Química;
·         Psicologia;
·         Física;
·         Idioma;
·         Liderança militar;
·         Técnicas militares;
·         Emprego tático;
·         Tiro e;
·         Treinamento físico militar.

Ao voltar das férias entre o 2º e 3º Anos, o cadete faz a escolha da Arma, Quadro ou Serviço de sua preferência, sendo classificado de acordo com seu desempenho acadêmico.

3º ano

No 3º ano, o cadete é integrado à sua Arma, Quadro ou Serviço, a saber:
·         Infantaria (C Inf),
·         Cavalaria (C Cav),
·         Artilharia (C Art),
·         Engenharia (C Eng),
·         Intendência (C Int),
·         Comunicações (C Com) ou
·         Material bélico (C MB).
·         As disciplinas ministradas durante este ano são:
·         História militar do Brasil;
·         Geografia;
·         Metodologia da Pesquisa Científica;
·         Idioma;
·         Técnicas militares;
·         Emprego tático;
·         Tiro e
·         Treinamento físico militar.

4º ano
O 4º e último ano apresenta atividades predominantemente militares a fim de concluir a formação do oficial combatente. No currículo é prevista a realização de exercícios conjuntos, que integram as Armas e que são chamados de módulos temáticos, cuja principal finalidade é de permitir ao cadete do quarto ano o exercício das funções de comando nas operações clássicas de ataque e defesa.
Como complementação pedagógica é realizado o Estágio de Preparação Específica (EPE) nos corpos de tropa que permitem um estágio em que o cadete tem a oportunidade de participar do cotidiano de uma Unidade de sua Arma.
No currículo do 4º ano constam disciplinas como:
·         Estágio prático supervisionado;
·         Práticas militares;
·         Direito administrativo;
·         Excelência Gerencial;
·         Direito penal militar;
·         Relações internacionais;
·         Emprego tático;
·         Tiro e
·         Treinamento físico militar.
São realizados, também, intercâmbios com academias militares de nações amigas, a fim de promover o enriquecimento da cultura geral e militar do futuro oficial.
Ao final do 4º ano, o espadim recebido no primeiro é devolvido em solenidade na qual o cadete é declarado aspirante-a-oficial e recebe a espada de oficial do Exército, símbolo do compromisso com a Instituição e com a Pátria. O Aspirante-a-oficial é, simultaneamente, graduado Bacharel em Ciências Militares.

O treinamento militar

Na Formação Básica, os objetivos são: ajustar a personalidade do cadete aos princípios que regem a vida militar; assegurar os conhecimentos que o habilitem ao prosseguimento de sua formação de oficial; formar o caráter militar, preparar o combatente básico, obtendo reflexos na execução de técnicas e táticas individuais de combate, obter capacitação física, e desenvolver habilidades técnicas.
A Qualificação tem por objetivo principal a capacitação ao exercício do comando das pequenas frações elementares, nas funções inerentes aos graduados. Consolida-se o aperfeiçoamento das técnicas individuais do combatente, o elevado padrão de ordem unida e o contínuo desenvolvimento da capacidade física. A Qualificação e a Intensificação da Instrução Militar têm por objetivo principal, a habilitação ao exercício de cargos e funções inerentes ao Oficial Subalterno e ao Capitão.
São atividades inerentes ao Corpo de Cadetes: Exercícios no campo, peculiares a cada Curso; Estágios de Instrução Especial; Exercícios Combinados de Armas, Serviço e Quadro; Manobra Escolar (ou Manobrão); Olimpíada Acadêmica; Competições Desportivas contra a Escola Naval e a Academia da Força Aérea (NAVAMAER) e o Festival Sul-Americano de Cadetes.
O Corpo de Cadetes tem-se empenhado na busca da dinamização de suas atividades de ensino e na instrução militar, visando a dar ao futuro oficial as condições para enfrentar as exigências contemporâneas. Como exemplo dessas atividades destacamos: Estágio de Preparação de Instrutor de Treinamento Físico Militar; Estágio de Preparação de Instrutor de Tiro; Projeto Liderança; Projeto Lutas; Projeto Comunicação; experimentação, pesquisas e trabalhos em grupo.
O Treinamento Físico Militar é planejado e conduzido com o objetivo de promover o condicionamento necessário ao desempenho nos exercícios de campanha. A Olimpíada Acadêmica é outra atividade, realizada todos os anos, na qual existe uma confraternização entre os Cursos, motivados pela sadia competição.
As instruções de tiro são ministradas em modernas e funcionais instalações da Seção de Tiro e objetivam o adestramento do futuro oficial permitindo-o desenvolver a habilidade nessa que é uma das mais importantes atividades militares.
A Seção de Instrução Especial (SIEsp) ministra diversos estágios especiais que possibilitam ao cadete enfrentar novas situações com o emprego de técnicas especiais simulando operações reais e contínuas, com pressão psicológica controlada e máxima imitação do combate. No primeiro ano, ocorre o treinamento simulando situações em terreno montanhoso (SIEsp de Montanha), que compreende a escalada do Pico das Agulhas Negras e que, se concluído com aproveitamento, permite que o cadete utilize, para o resto da carreira, o brevê de curso básico de montanha. No segundo ano - Curso Avançado - ocorre a SIEsp de Selva, realizada na área da Academia Militar e que procura imitar situações de áreas de selva. No terceiro ocorre a SIEsp de Operações, onde o cadete é avaliado em patrulhas e no quarto ano a SIEsp de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Cada uma das SIEsp premia os mais destacados com distintivo próprio, que traz a figura do Saci e que distingue seus agraciados como "o Saci de Montanha",o "Saci de Selva", o "Saci de Operações" ou "Saci da GLO".
A prática equestre, conduzida pela Seção de Equitação, tem por principal objetivo estimular a iniciativa, a decisão e a coragem, atributos indispensáveis ao combatente.
Ao término de cada ano letivo, é realizada a Manobra Escolar, apelidada de "Manobrão", exercício no qual as Armas cumprem missões integradas. Essa atividade permite ao cadete oportunidade de desempenhar funções de comando em campanha.
A Academia Militar das Agulhas Negras pode ser considerada como uma grande escola militar, dentre as melhores, no cenário mundial.